segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Biografia de José Saramago

José Saramago – Biografia

Filho e neto de camponeses, José Saramago nasceu na aldeia de Azinhaga, província do Ribatejo, no dia 16 de Novembro de 1922, se bem que o registo oficial mencione como data de nascimento o dia 18. Os seus pais emigraram para Lisboa quando ele não havia ainda completado dois anos. A maior parte da sua vida decorreu, portanto, na capital, embora até aos primeiros anos da idade adulta fossem numerosas, e por vezes prolongadas, as suas estadas na aldeia natal.
Fez estudos secundários (liceais e técnicos) que, por dificuldades económicas, não pôde prosseguir. O seu primeiro emprego foi como serralheiro mecânico, tendo exercido depois diversas profissões: desenhador, funcionário da saúde e da previdência social, tradutor, editor, jornalista. Publicou o seu primeiro livro, um romance, Terra do Pecado, em 1947, tendo estado depois largo tempo sem publicar (até 1966). Trabalhou durante doze anos numa editora, onde exerceu funções de direcção literária e de produção. Colaborou como crítico literário na revista Seara Nova. Em 1972 e 1973 fez parte da redacção do jornal Diário de Lisboa, onde foi comentador político, tendo também coordenado, durante cerca de um ano, o suplemento cultural daquele vespertino.
Pertenceu à primeira Direcção da Associação Portuguesa de Escritores e foi, de 1985 a 1994, presidente da Assembleia Geral da Sociedade Portuguesa de Autores. Entre Abril e Novembro de 1975 foi director-adjunto do jornal Diário de Notícias. A partir de 1976 passou a viver exclusivamente do seu trabalho literário, primeiro como tradutor, depois como autor. Casou com Pilar del Río em 1988 e em Fevereiro de 1993 decidiu repartir o seu tempo entre a sua residência habitual em Lisboa e a ilha de Lanzarote, no arquipélago das Canárias (Espanha). Em 1998 foi-lhe atribuído o Prémio Nobel de Literatura.
José Saramago faleceu a 18 de Junho de 2010.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

De O Pombalinho, Blogue de Manuel Gomes

14 Fevereiro 2013


Outros tempos! Novos tempos!!!



Decorria o ano de 1895 e por via de uma reforma administrativa a ser implementada no país, alguns proprietários do Pombalinho e da Azinhaga apresentaram ao ministro da tutela uma proposta de passagem destas duas freguesias para a Golegã, impedindo assim que este município, na sua figura administrativa, fosse objecto de uma eventual extinção!

Estes dois recortes do jornal "Correio da Extremadura", de 10 de Agosto de 1895 e 14 de Setembro de 1895, respectivamente pela ordem de publicação neste "post" , reportam-se à notícia da deslocação a Lisboa de elementos da Câmara de Santarém para, num encontro com o ministro do reino, impedirem que essa possível desanexação do Pombalinho e Azinhaga do concelho de Santarém se pudesse concretizar!





Como todos sabemos, historicamente, o Pombalinho manteve-se no concelho de Santarém enquanto a Azinhaga, nesse mesmo ano de 1895, mais precisamente a 21 de Novembro, foi inserida no Município da Golegã!

A história, porém, ao fim de 116 anos acabou por dar razão ao grupo de proprietários que apostaram, nesse longínquo ano de 1895 , no caminho municipal conjunto para o Pombalinho e Azinhaga por terras do Almonda! A Golegã é hoje o destino comum destas duas localidades, que nunca deixando de ter apostado nas diferenças das suas virtualidades, sempre se pugnaram por uma vizinhança de proximidade assinalável! Assim continuem, para bem das populações e do "novo" Concelho da Golegã, agora reestruturado e desejavelmente mais forte!


Pesquisa documental - Bruno Cruz
Texto - Manuel Gomes




Públicado pelo Jornal O Mirante

Luís Santana Júlio é presidente da única freguesia que mudou de concelho no território nacional no âmbito da reorganização administrativa em curso
O eterno estudante que levou o Pombalinho para a Golegã

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Coleccionador de diplomas, com duas licenciaturas, três mestrados e actualmente a meio de um doutoramento, este ex-futebolista, professor e psicólogo tem como um dos lemas de vida estudar. Desapontado com a política não pensa em recandidatar-se e critica quem esteve no poder em Santarém nas últimas décadas e votou a sua freguesia ao abandono. “Moita Flores foi uma desilusão total”, confessa.

Edição de 2013-02-14
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No seu primeiro mandato como presidente da Junta do Pombalinho, Luís Santana Júlio já garantiu um lugar na história da freguesia que recentemente deixou o concelho de Santarém para integrar o da Golegã, protagonizando a única alteração no território de municípios à escala nacional no âmbito da reorganização administrativa territorial em curso.
Este homem discreto e de semblante fechado aproveitou a revolução no mapa das freguesias para concretizar um anseio da população do Pombalinho. E, facto digno de realce, conseguiu-o sem fazer ondas nem causar reacções inflamadas, num processo conduzido com pinças e que acabou com a aclamação por todas as partes envolvidas. Sim, porque ver autarcas de um concelho aplaudirem a perda de uma freguesia para um concelho vizinho, como aconteceu na Assembleia Municipal de Santarém, deve ser inédito no nosso poder local.
Luís Júlio assume-se como rosto da mudança mas diz que se tratou de obra colectiva, da população da freguesia, do concelho que os deixou partir e do município que agora os acolheu. O abandono a que a freguesia estava votada falou mais alto e levou ao quebrar das amarras afectivas que ligavam historicamente o Pombalinho a Santarém. “O Pombalinho sentia-se como um filho que não era bem tratado e por isso decidiu sair de casa”, sintetiza o autarca eleito pelo Movimento Independente de Cidadãos de Pombalinho.
A freguesia poderia ter tentado manter-se autónoma, fugindo à agregação, como fizeram outras freguesias menos populosas do concelho, mas o desagrado da população face à actuação da Câmara de Santarém, apesar das promessas de Moita Flores, e da empresa municipal Águas de Santarém foi decisivo.

Duas licenciaturas e três mestrados
Luís Filipe Santana Júlio nasceu no Pombalinho a 15 de Junho de 1965 e sempre ali residiu. Não tenciona recandidatar-se a presidente da junta porque a sua vida pessoal e profissional já lhe exige demasiado. Mas vai continuar disponível para os combates em prol da sua freguesia, assegura.
É professor na Escola Secundária do Entroncamento e na Universidade Lusófona em Lisboa, é proprietário com a esposa de uma creche e jardim de infância no Entroncamento, é psicólogo clínico e assumiu recentemente o cargo de coordenador técnico da Associação de Futebol de Santarém, regressando a um mundo a que esteve ligado como praticante e treinador em clubes como o Torres Novas, Ferroviários do Entroncamento, União de Tomar, Tramagal, Azinhaga ou Alcanenense. Praticou ainda atletismo na União de Santarém e nos Bombeiros Voluntários de Almeirim, destacando-se nas provas de velocidade (100 e 200 metros). Em 1989 ficou em 10º no ranking nacional dos 100 metros com um tempo de 10,99 segundos.
Além disso, Luís Júlio ainda tem tempo para continuar a estudar, estando a meio de um doutoramento em educação física e desporto. Para trás estão duas licenciaturas de cinco anos, em Educação Física e em Psicologia, duas pós-graduações e três mestrados. “Tenho um desígnio pessoal, que é estudar até me reformar”, diz.
A vontade de saber mais, inserido num sistema que certifica essa aprendizagem, vem da sua mãe, Georgina Santana Júlio, que foi professora primária durante muitos anos no Pombalinho e na aldeia vizinha de Reguengo do Alviela. “Acho que se conciliarmos a experiência com a formação ficamos com mais competências e mais capacidade para desempenharmos as tarefas com que nos deparamos na vida”, diz Luís Júlio, 47 anos, casado e pai de dois filhos - um rapaz já na faculdade e uma rapariga que estuda no 10º ano.

A desilusão com Moita Flores
Vai recandidatar-se ao cargo?
Não tenho essa intenção e já o disse aos meus colegas.
Cansou-se da política?
Não é isso, mas nunca pensei em vir para isto.
Então como chegou à política?
Nasci e vivi sempre aqui. Sempre estive envolvido em combates nesta freguesia contra os erros que levaram à situação de quase estado de coma a que o Pombalinho chegou nos últimos anos. Uma série de pessoas mobilizou-se neste projecto de quatro anos para inverter a tendência a que se vinha assistindo. A minha vida profissional é um pequeno inferno e é difícil gerir tudo isto. Mas no futuro estarei sempre na luta para ajudar esta freguesia, mesmo que não me recandidate ao cargo de presidente da junta de freguesia.
E muito menos em lista de um partido político, presumo.
Isso muito menos. Temos uma máxima aqui na junta que é: o nosso partido chama-se Pombalinho. Fomos um movimento independente com alguma ligação ao presidente Moita Flores, porque nos foi prometido um conjunto de obras que nem eram difíceis e a desilusão é total. Em sete anos, o presidente Moita Flores não fez mais do que repetir os erros que os executivos anteriores cometeram. Não fez absolutamente nada. Estas populações rurais só interessam aos candidatos às câmaras nos dias das eleições. As populações são utilizadas para projectos pessoais e rapidamente são esquecidas.
Sentiu-se utilizado por Moita Flores?
Sim. Sentimo-nos utilizados por termos contribuído para a maioria absoluta que depois lhe permitiu gerir o município da forma que melhor entendeu, não tendo havido reciprocidade e deixando o Pombalinho sem absolutamente nada. Sem contributo de qualquer espécie. Mas nunca caímos numa situação de queixa ou de pedido sistemático à câmara. Recusamos andar a mendigar e assumimos nós próprios um conjunto de actividades e de serviços com a população que mantemos à nossa custa.
Como por exemplo?
A Junta do Pombalinho assegura gratuitamente o transporte de pessoas idosas a Santarém seja para ir à Segurança Social ou ao hospital. Só têm que avisar. Temos transporte escolar gratuito para as crianças desde a porta de casa de cada uma. Ajudamos a Casa do Povo no apoio psicológico a pessoas. Fizemos cursos de formação e de alfabetização, neste caso o único feito no concelho. Temos sete passeios para a população por ano. E não há nenhuma data importante que não comemoremos. Sentimo-nos desfavorecidos, mas rejeitamos uma posição de dependência da câmara.

Comparar Pombalinho e Azinhaga é como comparar o Gabão com o Canadá
Esperava ver autarcas de um concelho aplaudirem a perda de uma freguesia para um concelho vizinho, como sucedeu com os eleitos da Assembleia Municipal de Santarém?
Tínhamos esperança que isso pudesse acontecer, apesar de não ser fácil. Assistiu-se a um momento histórico na Assembleia Municipal de Santarém e que será mesmo raro em qualquer assembleia municipal do país. Houve ali um surpreendente unanimismo que talvez seja resultado da campanha que fizemos e da fundamentação que apresentámos. As pessoas foram sensíveis aos argumentos de que o Pombalinho se sente desfavorecido por Santarém ao longo dos anos em relação a freguesias vizinhas. Foi um processo pacífico e único no país. Fomos a única freguesia que mudou de concelho. Isso obviamente agradou-nos e também valoriza aqueles que aprovaram essa decisão e se solidarizaram connosco.
As pessoas do Pombalinho não vão ter saudades da ligação ao concelho de Santarém?
Alguma provavelmente terão. É importante dizer que o Pombalinho afectivamente esteve sempre muito ligado a Santarém. Não se trata de uma questão de identidade. Aquilo que levou a população, de forma unânime, a querer a mudança de concelho foi fugir à anexação a São Vicente do Paul e considerar que o concelho da Golegã oferece um conjunto de serviços, em virtude da proximidade que tem com a nossa freguesia, que por muito que os eleitos de Santarém tenham vontade de oferecer não conseguem.
A distância à sede de concelho foi sempre um obstáculo.
É impossível um município com 28 freguesias chegar a uma localidade que está a 25 km como é o Pombalinho. Aliás, foi isso que se verificou ao longo dos últimos 35 anos, em que o Pombalinho esteve sempre muito distante daquilo que são o apoio e os serviços que Santarém devia prestar e que, no nosso entender, não prestou.
Qual foi o segredo para levar este processo a bom porto sem polémicas nem guerrinhas de paróquia?
A nossa estratégia passou por não confrontar nem agredir ninguém e jogar apenas com os argumentos. Numa segunda fase foi a mobilização da população, com uma assembleia popular e a recolha de mil assinaturas, e depois com a deslocação de muitas pessoas a Santarém à assembleia municipal com cartazes a pedir apenas que nos deixassem ser um pouco mais felizes. Para satisfação nossa, os argumentos foram atendidos e não ficaram ressentimentos nem feridas abertas. Porque não queremos ajustes com a História, apenas pretendemos que uma freguesia rural desfavorecida tenha o direito a ser mais feliz.
Já o processo de agregação de freguesias no concelho de Santarém não foi tão pacífico. Que comentário lhe merece?
Quando surgiu a primeira proposta do Governo, o célebre documento verde, o único documento que foi produzido no concelho de Santarém foi elaborado por nós a partir do Pombalinho. Identificámos nessa proposta de lei tudo o que estava errado e as consequências que daí poderiam vir. A partir daí estive envolvido com companheiros de outras freguesias no combate a essa proposta. Ela foi alterada mas na globalidade o processo está errado e força as freguesias a agregações que não são desejáveis. Vai prejudicar a vida de muitas freguesias e penso mesmo que esses problemas vão acentuar-se com o aproximar das eleições autárquicas.
De que forma?
Vai ser muito complicado gerir interesses, candidatos e partidos. E no futuro a relação, que até aqui foi quase sempre de boa vizinhança, entre freguesias pode mudar. Podem-se abrir ressentimentos e reacender conflitos que aconteceram há muitos anos. O que não é bom para um país que está a atravessar uma grave crise. O que se pretende é uma dinâmica de desenvolvimento entre freguesias e não de conflito pessoal e social, que é aquilo que prevejo.
O que espera desta mudança para o concelho da Golegã?
Para nós é como se fosse um recuar no tempo e a abertura de novas perspectivas. A Golegã, por ter só duas freguesias, é um concelho que oferece um conjunto de serviços, de equipamentos e de actividades nas suas freguesias que não tem paralelo com Santarém. A proximidade à Golegã possibilita uma intervenção imediata em aspectos tão simples como cortar uma árvore. Santarém está longe e não tem essa capacidade devido à burocracia e à dimensão da câmara. Estão criadas as condições para termos as intervenções necessárias em algumas zonas da freguesia.
O que acha do concelho que os recebe agora?
Quem não conhecer esta zona e que percorra a freguesia do Pombalinho para depois entrar na freguesia de Azinhaga vai pensar que está a entrar num país diferente. Meio a brincar, até já disse que é como passar do Gabão para o Canadá. Na Azinhaga há um desenvolvimento que coloca o Pombalinho quase ao nível do terceiro mundo, quando são duas freguesias vizinhas. Isto é resultado da diferente dinâmica nestes dois concelhos ao longo dos anos. São coisas que entram pelos olhos das pessoas. Em dez minutos percebe-se isso. O município da Golegã deu um salto enorme nos últimos anos em termos de qualidade de vida.

As perspectivas agora são mais risonhas.
Claro que não vamos reivindicar agora tudo o que Azinhaga conseguiu ao longo dos anos, até porque o Pombalinho não tem população que justifique a construção de alguns desses equipamentos. Mas lutaremos sempre pelo funcionamento da nossa escola e da extensão de saúde, que já só funciona duas vezes por semana durante duas horas. Queremos também preservar o apoio que a Casa do Povo do Pombalinho presta no apoio domiciliário. Esses são os serviços sociais que temos.

Futebol distrital vivia num mundo virtual
Nos dez anos em que esteve fora da Associação de Futebol de Santarém muita coisa mudou e alguns clubes históricos ficaram pelo caminho afogados em dívidas. “O futebol distrital está mais realista. Dantes havia clubes com orçamentos absolutamente incomportáveis. Mas, curiosamente, hoje no futebol jovem existe uma enormidade de equipas e o futsal também se desenvolveu muito”.
Luís Júlio reconhece que os clubes andaram a viver muito acima das suas possibilidades e sentiu isso na pele, pois ficou com dinheiro por receber de vários emblemas que representou. E as autarquias ajudaram à festa, alimentando projectos que não tinham condições de se auto-sustentarem. “Eram projectos virtuais. Quando as câmaras, em situação de necessidade, tinham de reduzir os orçamentos os clubes ficavam sem meios”.
O coordenador técnico da AFS diz que deixou o futebol um pouco desiludido com esse mundo virtual que rodeava o meio. “Não podemos estabelecer um compromisso com jogadores e com pessoas que trabalham numa equipa e depois, passados uns meses, já não se consegue sequer pagar o transporte às pessoas”.
O amigo e treinador Nuno Presume, também natural do Pombalinho, que vai ser o técnico da selecção distrital de futebol de Sub-15, é um dos colegas que com ele alinham na equipa de veteranos do Pombalinho que já defrontou equipas do Sporting, Benfica ou Belenenses. Porque a máxima de mente sã em corpo são continua a fazer todo o sentido, ou não fosse ele um homem ligado ao desporto e à psicologia.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013