quinta-feira, 17 de abril de 2014

TEATRO em AZINHAGA, nos dias 18 e 19 de Dezembro de 1976


TEATRO DA CASA DO POVO DE AZINHAGA, NO DIA ««««««««««««««««««««««««««««ÁS 21H30


TEATRO DA CASA DO POVO DE AZINHAGA, 23 DE MAIO DE 1943 PELAS 22H00


Festa na Quinta de Miranda com as Tentas e Ferras de gado bravo


José dos Reis ladeado por duas das suas netas


MODA: "HÁ LOBOS SEM SER NA SERRA" Inauguração da Exposição Fotográfica Sobre o "Cante Alentejano"


sexta-feira, 4 de abril de 2014

ANTÓNIO FAGULHA, NOSSO COLEGA, UMA REVELAÇÃO NA PINTURA… OFERECE UMA SURPRESA AO NOSSO ENCONTRO-CONVÍVIO DE 26 DE FEVEREIRO!
Filed under: Os Nossos Artistas — alfagemesantarem @ 12:24
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Andámos no Curso Geral do Comercial três anos, após o Ciclo Preparatório. Manhãzinha, o Fagulha chegava, da Azinhaga do Ribatejo, com o seu sorriso, sereno, afável, talvez um pouco tímido, e por ali ficávamos, sob as árvores da nossa  praça, junto ao primeiro banco, do lado de quem vem da rua direita, a conversar.
Juntavam-se a nós, quase sempre, os do costume: o Paradiz, de Pernes, o Balreira, deAlcanhões, o Coelho, do Cartaxo, o Guerreiro, do Entroncamento, o Leal Nunes, do Pombalinho, o Carlos Santos, da Ereira, o Asseiceiro, de?… e o Canelas, que morava ali mesmo, numa rua que vai dar à praça onde nasceu a nossa escola. Um grupo de peso, naquela nossa turma, que caminhou com êxito, do 1º ao 3º ano do curso.
Falávamos das aulas, dos pontos, das controversas atitudes do Prof. Neves, das anedotas do Prof. Marques da Silva, também do futebol e da música e, claro, das miúdas, nossas colegas. A política, ou lá o que fosse nesse  âmbito, aparecia uma vez por outra na conversa, só entre dois ou três.
Mas o Fagulha, de vez em quando, contava as suas experiências com animais, um dos quais um lagarto que tinha capturado e mantinha no quintal, cercado por uma rede. Então, o Fagulha e o seu amigo de experiências, um tal Zolá, que nunca cheguei a saber se era nome autêntico ou alcunha, dedicavam-se a estimular o bicho, à procura de sinais do seu comportamento, em função das experiências a que o submetiam. Portanto, para mim o Fagulha tinha também essa faceta de potencial cientista, que eu admirava.
Chegou o fim do ano lectivo de 1962/63 e, terminados os exames, cada um foi à sua vida. Um tempo estranho, para mim. Num ápice, a escola, as aulas, a vida naquele largo, os meus amigos… tudo desapareceu. Durante um ano, um certo vazio, um pouco atenuado quando me inscrevi, logo a seguir, na secção preparatória para admissão ao Instituto Comercial, no primeiro ano em que funcionou na nossa Escola. Porém, restava o Fagulha. Comunicávamos por carta, as minhas, por norma, longas e cheias desse sentimento de perda daquele tempo de maravilha.
Até que… Lisboa! Dezoito anos feitos, eis-me a trabalhar num banco e, à noite, no Instituto Comercial de Lisboa. E Santarém, a escola, os amigos… a verdade é que as nossas novas vidas, o tempo, tudo isso nos foi afastando, enquanto as memórias se iam arrumando cá dentro, serenamente, aos poucos, sem darmos por isso.
Muitos anos depois, nos convívios anuais de antigos alunos, dá-se início ao regresso. Umas vezes reencontrava o Balreira, outras vezes o Fagulha e… mais ninguém, daquele grupo. Até que… mais recentemente, andava eu a magicar voltar ao contacto com todos aqueles meus amigos, quando tive a mais inesperada revelação da parte do Fagulha. Passo a relatar…
Estávamos na preparação do nosso convívio do ano passado e o Fagulha, sempre muito interessado nesses re-encontros, associou-se ao movimento e entregou-se à tarefa com muito entusiasmo.
Um dia, tendo sido lançada a ideia de criar um blog e a necessidade de lhe dar um símbolo, o Fagulha disse: eu posso apresentar umas propostas. E, logo ali, na mesa do café, começou a rabiscar. Dias depois apareceu com cinco desenhos, todos eles muito apreciados pela equipa. Um boa surpresa. Não lhe conhecia aqueles dotes. Conclusão: os desenhos foram expostos no nosso convívio de 2010 e um deles, por votação dos ex-alunos presentes, foi o escolhido. É o símbolo do nosso blog.
Mas o Fagulha tinha outra surpresa para revelar. Um dia ele dissera-me, com a sua postura afável, o tal sorriso meio tímido: eu pinto umas coisitas… um dia gostava de vos mostrar… íamos lá a casa… um lanchinho… E assim foi.
A surpresa foi mesmo… enorme. Vários quadros, com temas e materiais muito diversos, mostravam-nos um trabalho de muito valor, construído ao longo de anos de técnica já consolidada e empenho constante, num ambiente de muito bom gosto e acolhedor em que, no próprio jardim, entre flores e arbustos, sugestivos quadros, pintados nas paredes, nos surpreendiam e encantavam.
Merece os nossos mais vivos parabéns, o nosso Colega António Fagulha, meu velho amigo. Que, para o nosso Encontro-Convívio de 2011, apresenta outra grande surpresa, a qual a Equipa de Organização desde já muito realça e agradece. É que o António, aqui há meses, quando nós pensávamos sobre como fazer um sorteio no evento, disse: eu ofereço um quadro.
António Fagulha, no seu jardim, com uma das suas obras: Vitral e Acrílico sobre tela. Título: O Rochedo. Que vai ser sorteado no nosso próximo Encontro.
É esse quadro que o Fagulha nos apresenta hoje, aqui no blog, desde já para apreciação por todos os que tenham acesso a esta publicação. A obra, a que o autor, nosso Colega e pintor António Fagulha atribui o valor de 7000 euros, vai estar englobado no sorteio a realizar no nosso Encontro-Convívio do próximo dia 26 de Fevereiro, onde será exposto, para ser visto por todos.
Assim, com a arte de António Fagulha e com a sua muito valiosa e generosa oferta, que todos agradecemos profundamente, temos mais uma forte razão para dizer: VEM ESTAR CONNOSCO! JUNTA-TE AOS MAIS DE 200 QUE JÁ FIZERAM A SUA INSCRIÇÃO!
Manuel João Sá
Em nome da Equipa de Organização do Encontro
ANTÓNIO MARIA MADEIRA GONÇALVES FAGULHA

António Fagulha junto da sua obra, "Paisagem"

António Fagulha nasceu em Azinhaga do Ribatejo, em 14 Set 1945.

Autodidacta, fez várias exposições em Azinhaga, Golegã e Lisboa, e participou em duas exposições colectivas em Santarém, uma no WShoping e outra no Espaço Iluminarte.

Desde a infância tomou o gosto pelo desenho, mas é na adolescência, incentivado... por professores da Escola Industrial e Comercial de Santarém, que começa a desabrochar com temas diversos.

Recorda com alguma satisfação os dias em que os professores o mandavam ir desenhar para as Portas do Sol ou para a Igreja da Graça. É com carinho que ainda hoje guarda em sua casa desenhos da Escola Primária e do Ciclo Preparatório.

Tinha 17 anos quando fez o seu primeiro quadro a óleo. Na vida militar, em Moçambique, após vários meses no mato, foi transferido para o Quartel-general em Nampula, para a Secção de Engenharia, onde recebeu um louvor pelos trabalhos aí efectuados, um dos quais foi uma pintura, num mapa, da futura albufeira originada pela Barragem de Cahora Bassa. Foi a primeira vez que alguém o fez.

Após regressar à Metrópole, nos tempos livres nunca se desligou dos pincéis e das tintas. Fez muito teatro amador e como tal pintava também os cenários.

Pintou retrato, diversos pratos em porcelana e em madeira, pedras, placas de publicidade. Pintou e restaurou arte-sacra, fez esculturas em ferro e desenhou letras para diversos fins.

Apresentou dois trabalhos na Expo 98 e ganhou um concurso para o emblema de um grupo desportivo de futebol.

Pintou e desenvolveu letras com cerca de um metro de altura para uma empresa de construção civil, pintadas no próprio edifício. Conta que foi o trabalho mais difícil, porque trabalhou em andaimes e por azar sofre de acrofobia – medo das alturas.

Hoje, com 66 anos de idade, recorda que a sua vida não foi sempre um mar de rosas, mas em compensação a Força Divina ofereceu-lhe um passatempo, uma ocupação, um escape que lhe limpava o cérebro das diabruras da vida e assim, por um lado embrenhava-se na pintura e, como amante da natureza, retratava paisagens que lhe davam a paz e tranquilidade de que tanto necessitava. Por outro lado escrevia prosa e poesia para se desviar de pensamentos negativos. Não foi por acaso que o escritor etnógrafo Augusto Barreiros o apelidou de pintor-poeta.

Os seus dois filhos possuem cerca de 30 quadros de sua autoria, onde impera o abstrato.
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