sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Memória Portuguesa

Azinhaga
Azinhaga
Golegã


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Azinhaga é uma freguesia portuguesa do concelho da Golegã, com 38,04 km² de área e 1.817 habitantes (2001). Densidade: 47,8 hab/km².

História

O documento mais antigo que se conhece da Azinhaga é o foral concedido por D. Sancho II, pelo que a sua existência remonta aos primórdios da nacionalidade portuguesa.
Se o seu nome, Azinhaga ou Azenhaga, provém do árabe Azzancha, derivação do termo zanaca que significa caminho estreito, viela apertada entre montes, charnecas ou valados, então a sua antiguidade é mais remota e transfere-se para épocas anteriores à fundação do Reino.
No seu crescimento, a povoação acompanhou o sentido natural do rio Almonda. Foi contudo forçada a suspender o seu desenvolvimento, pois situava-se em pleno pântano, quase uma pequena ilha. O desenvolvimento do lugar deve-se a três razões: o começo da drenagem dos pântanos com o consequente aproveitamento das terras para a agricultura e pastorícia, sobretudo as do Infantado, sob orientação do príncipe D. Fernando; a evolução conseguida na utilização do Tejo autorizando-se, nos diversos portos, o aumento do número de barcas para transporte entre as margens e/ou a capital, de passageiros, gados e mercadorias; e, ainda, posto que de menor importância, o uso mais frequente da estrada real Lisboa-Coimbra que, passando perto da freguesia, cruzava o Almonda através de uma ponte existente a pouca distância da actual.
Na sequência da crise de 1383-1385, o Mestre de Avis, como D. João I de Portugal, pagou as suas dívidas. Com a legenda "e melhor lhe dera se melhor houvera" o novo rei presenteou o Dr. João das Regras com a rica propriedade do Paúl do Boquilobo, às portas da Azinhaga.
Em 1609, o lugar tem 100 vizinhos, o que, segundo os técnicos, corresponderá a cerca de 400-500 habitantes. Terminada a epopeia dos Descobrimentos, os povos exigem espaço para se fixarem. O rei, sempre olhado como intruso, legisla que "a navegabilidade dos grandes rios como o Tejo, o Mondego e o Douro, se proceda na intenção de estimular o comércio para benefício das regiões interiores". Procedeu-se portanto à regularização dos braços do rio, limitação das alvercas e abertura programada das valas, conquistando-se assim terras para cultivo e, noutra vertente, iniciando-se o retrocesso das maleitas associadas às regiões pantanosas.
A Azinhaga em fins do séc. XVIII, "tinha uma população de 1500 habitantes" e, como freguesia rural o seu rendimento colectável era, talvez, o maior do país. Este desenvolvimento era assegurado pelas grandes Quintas das Casas de Lavoura, das quais se destacavam as propriedades de Rafael da Cunha, da família Serrão de Faria, instalada na povoação há 500 anos, e dos Condes de Rio Maior. Todas estas propriedades e quintas, por compra ou herança, foram ao longo dos tempos dando origem às maiores casas agrícolas do Ribatejo. A casa Veiga é uma dessas casas.
Talvez o facto mais importante para o estabelecimento da Azinhaga como ela é hoje, tenha sido, no final da Guerra Civil entre D. Miguel e D. Pedro, este último tenha decidido que as terras do Infantado seriam divididas pelo povo, que por ele se batera rijamente. Foi criada assim, com o beneplácito régio, uma empresa a que foi dado o nome de "Companhia das Lezírias do Tejo e Sado". O resultado foi que nunca o povo recebeu uma parcela das suas terras nem um avo dos seus lucros. Na sequência do 25 de Abril foi decidido venderem-se aos seareiros as "Praias", na proporção das terras arrendadas.
No dia 18 de Setembro de 1938, no Concurso promovido pelo então Secretariado da Propaganda Nacional, a Azinhaga foi considerada a Aldeia Mais Portuguesa do Ribatejo.
Tendo pertencido desde sempre, aos "termos de Santarém" e, depois, ao seu concelho, desanexada dele, a rica e próspera freguesia de Azinhaga foi incluída no novo concelho da Golegã por decreto de 21 de Novembro de 1895.

Património

Personalidades

José de Sousa Saramago nasceu na Azinhaga em 16 de Novembro de 1922. É um escritor, roteirista, jornalista, dramaturgo e poeta português, galardoado em 1998 com o Nobel da Literatura. Também ganhou o Prémio Camões, o mais importante prémio literário da língua portuguesa. Saramago é considerado o responsável pelo efectivo reconhecimento internacional da prosa em língua portuguesa.

Bibliografia

  • "Azinhaga - Livro de Horas", de Augusto do Souto Barreiros
Rancho dos Campinos de Azinhaga
Rancho dos Campinos de Azinhaga
Rancho dos Campinos de AzinhagaAzinhaga
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O Rancho dos Campinos d’Azinhaga, agrupamento folclórico da aldeia de Azinhaga, concelho da Golegã, foi fundado em 1948, onde o seu nome foi assumido como Rancho Folclórico da Casa do Povo.
Historial
  • 1948: José dos Reis fundou-o como Rancho Folclórico da Casa do Povo;
  • 1951: Augusto Barreiros, poeta, escritor e distinto etnógrafo foi escolhido como seu director artístico;
  • Março de 1952: uma equipa cinematográfica espanhola, chefiada pelo realizador Juan Manuel de la Chica Pallin, vem a Azinhaga para filmar o grupo, a qual se realizou junto a belíssima Alverca de Fernão de Leite;
  • Novembro de 1952: A mesma equipa voltou para um novo apontamento sobre o grupo e sobre a Feira de São Martinho, na Golegã;

Actuações

Desde a sua fundação, o grupo tem participado nos principais festivais nacionais e internacionais:
  • Exposição Universal de Sevilha - EXPO /92 (Espanha)
  • Europeade em 1979 (Bélgica)
  • Festas das Luzes desde 1989 (Bélgica)
  • Bonheiden desde 1996 (Bélgica)
  • Europália em 1991 (Bélgica)
Quer na Europália/91, quer na EXPO/ 92, o Rancho foi em representação de Portugal, actuando em espectáculos de Filipe La Féria, tendo como apresentadores Lídia Franco, João d’Ávila e Fernando Heitor. Sob a orientação do mesmo realizador, participou também na revista TV “Grande Noite”, em Maio de 1993, na inauguração do “Campo Pequeno” em Maio de 2006. O Rancho "Os Campinos da Azinhaga" é também sócio-fundador da Federação do Folclore Português.
Como nota curiosa, registe-se que o Rancho foi buscar o nome a uma parte do primeiro verso, do segundo terceto do soneto "Azinhaga", de Gustavo de Matos Sequeira:
"Campinos da Azinhaga…
Ei-los lá vêm,
Bendita a terra que criou tais filhos,
Felizes filhos que tal madre têm!"

O Traje

Para as actuações reproduziram-se os trajes existentes na Azinhaga em meados da Época Romântica.
Seguindo a linha tradicional da sua indumentária,as raparigas vestem de "Ceifeiras Endomingadas":
  • lenços encarnados ou azuis com arabescos amarelos;
  • casacos brancos de rabo-de-pavão com golas e entremeios arrendados;
  • saias vermelhas ou azuis com duas barras de cetim preto;
  • aventais brancos, também com entremeios;
  • meias de algodão branco, lisas;
  • e sapatos pretos de meio salto, atacados com fitas azuis.
Os rapazes trajam de "Campinos":
  • barretes verdes ou azuis (de maioral-real)com carapinha encarnada;
  • camisa branca, bordada, como na Época Romântica, com motivos azuis e escarlates, aponto de cruz, pé de flor e ponto espinha;
  • jalecas azuis com botões grandes, de metal;
  • coletes encarnados, debroados, na frente e nas costas, com fita de seda preta;
  • cinta vermelha;
  • calções também azuis, tendo, junto aos joelhos, uma fila de botões de metal;
  • meias de algodão branco, muito arrendadas;
  • sapatos pretos de salto-de-parteleira, atacados com fitas escarlates, e, em cujos os tacões, brilham esporas à portuguesa.