segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

A velhinha foto, que juntei ao documento que nos informa, como Azinhaga em 1938, foi eleita a Aldeia mais Portuguesa do Ribatejo, foi-me gentilmente cedida, por Otelinda Nunes. Fui também informado por esta Senhora,  de quase tudo o que consta neste documento e  que foi da formação deste agrupamento de jovens, que nasceu a ideia de um Rancho Folclórico em Azinhaga.
É interessante encontrar toda esta informação e  como toda ela se conjuga: a infomação verbal da Senhora Otelinda Nunes, a foto o verso da foto o documento e a parte inicial do vídeo de Azinhaga.
Ver imediatamente em baixo, documento, foto e vídeo.
Pf clicar no documento, para abrir.

Documento, foto e verso da foto, Históricos de Azinhaga do Ribatejo

Video de Azinhaga do Ribatejo

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012


AZINHAGA DO RIBATEJO E SUAS QUINTAS



As origens da Azinhaga perdem-se no tempo, o texto que se segue é a origem de "AUGUSTO DO SOUTO BARREIROS" em "AZINHAGA - LIVRO DE HORAS"

De clima temperado, sempre que o Suão se esquece de ser fogo ou as geadas se escondem por detrás dos invernos mansos, o Ribatejo, na sua geografia, segundo o Prof. Amorim Girão, "apresenta no seu núcleo de formação, a existência de urna vasta planície de sedimentação, deprimida e uniforme, que no dizer de Epicuro " o claro Tejo rega tão sereno". Daí que, pelas características físicas dos solos, do verde vivíssimo das lezírias ao verde-cinza dos espargais até ao verde-sépia das charnecas, Azinhaga se não dissocie dele porque é ele mesmo, ainda quando o limitam a Borda d'Agua.

O lugar, como diz Alberto de Pimentel, situa-se " na região da campina atravessada pelo Almonda e formada parte pelo miocénio lacustre, parte por aluviões". Serrão de Faria acrescenta, por sua vez, que "os campos são férteis devido ao depósito das águas dos dois rios, com os olivais assentes em terrenos terciários planos, na sua maioria silex-argilosos, com cultura intensiva de cereais de pragana que são farto manancial de riqueza agrícola".

O documento mais antigo que se conhece dela é o foral concedido por D. Sancho II. A sua existência remonta, portanto, aos primórdios da nossa nacionalidade. Se o seu nome, Azinhaga ou Azenhaga, provém do árabe Azzancha, derivação do verbo "zanaca que significa caminho estreito, viela apertada entre montes, charnecas ou valados", então a sua antiguidade é mais remota e se transfere para épocas anteriores à fundação do Reino. Para quem a vê hoje, aldeia branca implantada na vastidão do plaino, "caminho estreito" não será um contracenso? No sentido de horizontes apertados, talvez. Mas se pensarmos que, ao tempo, e até aos últimos lustros do século XIX, a campina era, em toda a sua extensão, rasgada por dezenas de alvercas e braços do Tejo, os seus limites seriam, de facto, exíguos. No seu crescimento, a povoação acompanhou o sentido natural do Almonda. Forçada foi, contudo, a suspender o seu desenvolvimento, nessa direcção, em virtude de, durante as inundações, a Alverca das Moitas transbordar juntando-se à de Fernão Leite, no Pombalinho. Do outro lado, a oeste e sul da Broa, vários braços do Rio Velho encaminhavam-se para sudoeste, passando uns cerca de Miranda, e alguns mais perto das Teixeiras, escoando-se por detrás da Melhorada até chegarem ao Alviela. A prová-lo as pontes que, ainda hoje, se encontram em terra firme, uma na encruzilhada das estradas de Mato de Miranda e da antiga Cholda-Bolda e outra, a oeste, perto da estação.

IGREJAS DE AZINHAGA DO RIBATEJO



Igreja Matriz
A igreja de Nossa Senhora da Conceição é hoje a Matriz da Azinhaga. Originalmente o seu orago havia sido Santa Maria da Azinhaga (também conhecida por Santa Maria do Almonda ou Santa Maria da Ponte de Azinhaga) representada na figura de Nossa Senhora de Piedade – é a maior do Ribatejo com os seus mil metros quadrados. Edifício do século XVII com a fachada frontal marcada com portal barroco ladeado por colunas e encimado por janela de harmonioso rendilhado. E um vasto templo de três naves com arcos de volta redondos pousadas em colunas lisas e cilíndricas formado cinco tramos e cobertas de tecto de madeira. Tem capela-mor, duas laterais e duas colaterais, sendo a ousia por uma abóbada de trinta caixões. No corpo do templo há um silhar baixo de azulejos azuis e amarelos do século XVII e um painel embutido representado na eucaristia.
Foi totalmente arrasada pelas tropas francesas sob comando do marechal Massena durante a terceira invasão. A sua reconstrução em que se lhe acrescentou a torre terminou em 1882 (foi após esta reabilitação do edifício que lhe foi atribuído o orago de Nossa Senhora da Conceição.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012


Acerca da Quinta da Brôa, a Casa dos Cavalos Veiga.

Na entrada da Azinhaga, uma enorme casa branca e sóbria ladeia a estrada de terra batida que leva a Mato de Miranda. Um portão de ferro, encimado por um trabalhoso emaranhado de ferro forjado, onde são visíveis as iniciais "R.J.C." de Rafael José da Cunha, ascendente da família Veiga, e a data de 1831, dá entrada para esta propriedade que já foi pertença dos condes da Ribeira Grande. O brasão dos Câmaras ornamenta as cantarias do portão da Quinta da Broa, então Quinta do Almonda. Lá dentro, um amplo pátio, rodeado de construções revestidas a hera, desvenda a história de muitas gerações e o quotidiano de uma casa agrícola. A Quinta da Broa é o centro de um vasto conjunto de explorações agrícolas situadas nos concelhos da Golegã, Chamusca, Rio Maior e Santarém, e, acima de tudo, é o centro de uma reconhecida coudelaria: o ferro Veiga é garantia de qualidade.
(Matéria publicada em 2001 no jornal "Notícias da Golegã" com o título "Quinta da Brôa, a menina dos olhos da Azinhaga")
Situada nas margens do rio, a Quinta do Almonda, como dantes era designada, foi pertença dos condes de Ribeira Grande, tendo sido arrendada por Rafael José da Cunha em 1829. Filho de uma abastada família albicastrense, Rafael da Cunha teve hipótese de percorrer a Europa e conhecer as mais modernas práticas agrícolas. Em Portugal, vivia-se o rescaldo das invasões francesas e a destruição que a retirada das tropas napoleónicas causaram no país. Muitos nobres tinham acompanhado a família real na ida para o Brasil, deixando o que lhes pertencia à mercê da sorte.
Foi neste quadro que Rafael da Cunha desceu da Beira Baixa em direcção às férteis terras do Ribatejo, onde já se tinham fixado familiares seus, nomeadamente em Tomar e Torres Novas. Torna-se rendeiro da Quinta dos Álamos, à entrada da Golegã, e logo de seguida, da Quinta do Almonda. Dois anos depois, em 1931, compra a propriedade ao oitavo Conde e único Marquês de Ribeira Grande, D. Francisco Sales Maria José António de Paula Vicente Gonçalves Zarco da Câmara, e aí instala o cérebro de uma enorme casa agrícola que se repartia por 16 concelhos.
Como curiosidade, refira-se que, quando faleceu, em 1869, Rafael José da Cunha tinha ao seu serviço 220 empregados permanentes e a sua fortuna estava avaliada em 900 contos. Os bens encontram-se descritos num inventário de quase 300 páginas, entre as quais se registou a existência de 796 cabeças de gado bravo, 638 bois de trabalho, 267 cavalos, 2782 ovelhas e 1442 porcos.
DE QUINTA DO ALMONDA A QUINTA DA BRÔA
O espírito empreendedor e benfeitor de Rafael José da Cunha valeram-lhe dois elogiosos epítetos: "Príncipe dos Lavradores" e "O amigo dos pobres", cujo merecimento está claramente expresso nos registos da época. Se, no caso do primeiro, a fortuna que alcançou demonstra a sua destreza na administração e aquisição de novos bens, em relação ao segundo, o melhor testemunho é a alteração do nome da quinta - que começou a ser conhecida por Quinta da Brôa - e o testamento que escreveu, anos antes de morrer.
A quem batia à porta da quinta, pedindo comida, nunca era negada uma refeição. Comida nesse tempo significava pão, principalmente broa, porque o chamado pão alvo, feito de farinha de trigo, era considerado um luxo que só muito poucos podiam saborear. Dizia-se então "vamos à broa" e, pouco a pouco, a casa de Rafael José da Cunha adoptou a toponímia de Quinta da Broa. Aos velhos, o senhor da quinta, dava comida, aos novos nunca recusava trabalho, nem que dele não precisasse. Quando morreu, deixou em testamento bens e dinheiro a todos os seus empregados, conforme os cargos que desempenhavam, e a muitos carenciados e instituições de beneficência. Aos familiares, o património foi legado de forma a assegurar a sua continuidade na posse da família, como ainda hoje se mantém.
"Rafael José da Cunha era tio avô da minha trisavó", esclarece Manuel Veiga, filho dos actuais proprietários da Quinta da Broa e futuro herdeiro, dado que é filho único de Manuel Tavares Veiga.
Sem herdeiros directos, Rafael da Cunha deixou os bens a sobrinhos e irmãos, cabendo a Quinta da Broa a António José Tavares Barreto, em regime de compropriedade com os seus quatro filhos, Manuel Tavares Barreto, Maria Emília Tavares, Adelaide Augusta Tavares e José Tavares Barreto. Por divisão posterior, a Quinta e as propriedades a ela adstritas ficaram na posse de Adelaide Augusta Tavares e de seu marido, Manuel Mendes da Veiga, também natural da Beira Baixa, sendo mais tarde herdada pelo engenheiro Manuel Tavares da Veiga. A continuidade foi assegurada por Carlos Veiga, o único dos cinco filhos de Tavares da Veiga a deixar descendência.
Manuel Tavares Veiga, filho de Carlos Veiga e actual dono da Quinta da Broa, herdou a propriedade de suas tias Raquel e Maria Eugénia Cunha Anjos Tavares Veiga, após a morte desta última ocorrida em 1991.
OS CAVALOS "VEIGA"

RESENHA HISTÓRICA

Povoação tão antiga como a Nacionalidade, situada numa fértil campina, foi considerada a "aldeia mais portuguesa do Ribatejo", concorrendo nessa condição ao 1.° Concurso da "Aldeia mais Portuguesa de Portugal", realizada no ano de 1938.

Azinhaga engalanou-se para receber o júri nacional, fê-lo admirar a casa campesina de quintal florido, símbolo do asseio ribatejano, mostrou-lhe todos os seus curiosos costumes, até há pouco conservados. Lavradores e Campinos cavalgavam, lindas raparigas exibiam os seus alegres cantares graciosos movimentos bailados, procedeu-se a desmama do gado bravo e depois a passagem do mesmo no rio Almonda, finda a qual foi exibida a rica gastronomia da região. A tarde foi preenchida com bailados e descantes, uma brilhantíssima parada agrícola e para encerrar com chave de ouro, a passagem desenfreada dos touros com milhares de pessoas enfrentando-os de peito feito.

Um dia inesquecível tinha acontecido em Azinhaga. A Junta de Província do Ribatejo aclamou-a, toda a imprensa lhe teceu rasgados elogios e Adolfo Simões Muller cantou-a num poema: "Azinhaga, a campina, rubra flor / Paleta viva dum genial pintor / Cujas tintas ganhassem movimento." Responsável por momento tão sublime na vida desta terra, todo um povo que Augusto Barreiros homenageou: "Mas foi a população anónima de Azinhaga que, com a sua garra, a sua força, a sua índole, lhe emprestou, inteirinha, o que tinha dentro para a grandiosidade que a festa, em hora única, alcançou. E para nunca mais, que nunca mais será possível, aqui, acontecimento de tamanha envergadura".

Localidade encravada no coração da Borda d'Água, Azinhaga e sede de uma freguesia que agrega ainda os lugares de Mato de Miranda e de Casal Centeio. Terra aureolada de benesses, devido aos seus terrenos pianos, férteis e fáceis de regar, vai buscar esses atributos, como diz Alberto Pimentel, a sua localização "na região da campina atravessada pelo Almonda e formada parte pelo miocénio lacustre, parte por aluviões" acrescentando, Serrão do Faria, que "os campos são férteis devido ao depósito das águas dos dois rios, com os olivais assentes em terrenos terciários planos, na sua maioria sílex-argilosos, com cultura intensiva de cereais de pragana que são farto manancial de riqueza agrícola".

Foi esta fertilidade que fez com que Azinhaga percorresse os tempos como localidade riquíssima, cujas terras despertaram o maior carinho entre os seus habitantes, mas que também atraíram gente da nobreza, residente em Lisboa, que aqui criaram famosas quintas, onde vinham repousar. Nasceu assim, por exemplo, a quinta do Almonda, antigamente pertencente à família Zarco da Câmara e, que viria a ser a famosa quinta da Broa, considerada um mito, o verdadeiro talismã das quintas de Azinhaga. No primeiro quartel do século XIX seria comprada por dois irmãos, Manuel e Rafael José da Cunha, seus rendeiros que em pouco tempo fizeram dela uma das melhores da região. A morte do primeiro, o irmão Rafael, padrinho de Rafael Bordalo Pinheiro, verifica que a prosperidade do seu património era já muito maior do que pensava. Manda construir o seu imponente palácio, começa a adquirir propriedades e o povo passa­Ihe a chamar "Rei dos Lavradores". O povo sentia-se feliz por o servir pois era homem que se realizava praticando o bem: aos novos que pediam dava trabalho, mesmo que devido a chuva não o houvesse; aos velhos que esmolavam dava broa, e, tantas vezes lhes deu, que a quinta do Almonda, de portões sempre abertos para os pobres, ficou até hoje conhecida como quinta da Broa.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012